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  • Foto do escritorAntonio Mário Bastos

O PIB de lá e o PIB de cá

Ao conterrâneo, confrade e amigo Geraldo Moreira Prado, o “Dom Quixote do sertão”.

  

Era o limiar da década de 70 do Século XX.

Início de dois governos, em patamares distintos: governando o município de Nova Soure, o estreante Ariston José de Almeida (1922 - 1983); governando a Bahia, o já experimentado na Prefeitura da Cidade do Salvador, Antonio Carlos Magalhães - ACM (1927 - 2007), ambos de saudosa memória, além de terem se revelado grandes políticos, a partir dali.

 

Zé Ramos (José Ramos de Souza, 1921-2002), líder político muito querido – governara Nova Soure em cinco legislaturas – contava com muita proximidade e prestígio junto ao Governador do Estado, seu amigo ACM que o tratava, nos momentos de descontração, quer em palácio, quer fora dele, de “Zé Bonitinho”.

 

Pois bem, nosso município recebera a visita do senhor Secretário de Educação de então, para inauguração de uma escola, — por sinal, fora batizado com o seu nome —, o Professor Rômulo Galvão de Carvalho (1930 - 1998).


Sendo jovem, elegante, simpático, solteirão, não escapara de ser paquerado por algumas jovens que acorreram ao evento.

 

Passados os discursos dos agentes políticos, manifestações, apresentação de peças teatrais e declamações de poesias por alunos, leitura de discursos por diretores e professores de escolas no município, etc., iniciara a caminhada pelas ruas da cidade, em direção à residência de Zé Ramos para um breve coquetel, antes do retorno daquela autoridade estadual à capital da Bahia.

 

Um afago daqui, outro aceno dacolá, um pedido de prefeito da circunvizinhança daqui; uma promessa de atendimento ou convite a comparecer na Secretaria de Educação e Cultura dacolá, e a caravana caminhava alegre e com total abertura para que todos cumprimentassem o senhor Secretário de Estado e recebesse a sua anuência e/ou retribuição.


Lá pelas tantas uma jovenzinha bonita, sagaz e sibite, chegara bem próximo daquele jovem secretário e lhe perguntara:


— Secretário o senhor é de onde?

E ele, fagueiro, educada e sorridentemente, respondera:

— sou de Campo Formoso, senhorinha.


Ela, ainda não satisfeita, querendo estreitar o papo em terreno coloquial mesmo, ou, quem sabe, mostrar conhecimentos atuais ou de economia, complementara a pergunta:


— e o que é que se produz lá?

O professor Rômulo, bem descontraído, com ares de galanteador e, quem sabe, invadido pelo cupido momentâneo, mandou-lhe a resposta:


— secretário de educação e cultura. Obviamente que enaltecendo sua condição de campo-formosense e de ter chegado ao alto posto da Educação e Cultura da Bahia.

 

Risos aos montes, rosto enrubescido da perguntante, seguiram todos a caminhada, sob variados comentários acerca da pergunta e da resposta que tivera merecido a moçoila espevitada.

 

Relatei o episódio da pergunta e da resposta para me referir ao que pretendo trazer à reflexão.

 

A resposta do jovem secretário de educação e cultura, indicando a produção do seu município – ainda que em absoluto tom de brincadeira, dado que Campo Formoso é um grande produtor de pedras preciosas, sem deixar de lado a consideração de que o professor Rômulo tenha sido uma dessas pedras, só que orgânica, animada, vivente, falante, inteligente.

 

Pouco importa, neste caso, se a pedra preciosa era orgânica ou inorgânica, animada ou inanimada, com certeza esta compunha o Produto Interno Bruto (PIB) do município de Campo Formoso, deduzo que assim definira o jovem agente político, ainda que intrinsicamente.

 

Diante disso, digo que lá produzia ou produz, além de minerais preciosos, agente público qualificado ou agente político, como queiram, de Educação e Cultura, nas palavras do jovem secretário.

 

Pois bem, se aquele município produziu agente público qualificado ou agente político para a Educação e Cultura da Bahia ou mesmo do Brasil, posso asseverar que no nosso Nova Soure são produzidas políticas públicas para a Educação e Cultura, com vistas a atender não só ao seu território e ao seu povo como também à Bahia, ao Brasil e ao mundo.

 

A que me refiro?


A nada de tecnicismo ou de publicações científicas com divulgação nos meios de comunicação de qualquer natureza e possíveis.

 

Tomo como exemplo a iniciativa do Professor Geraldo Moreira Prado na decisão de criar e implantar a Biblioteca Maria das Neves Prado, a Biblioteca do Paiaiá (bibliotecadepaiaia.blogspot.com) que teve a honra de contar, na sua inauguração, com a presença do Magnífico Reitor da Universidade Federal da Bahia daquele momento, o Professor Doutor Naomar Monteiro de Almeida Filho.




Esta Biblioteca já tem a régua e o compasso entoados na poesia musicada de Gilberto Gil; lhe foram dados pelo reconhecimento pleno de ser a maior biblioteca do mundo, instalada em área rural – no Povoado de São José do Paiaiá ou simplesmente Paiaiá, torrão onde tive a graça de nascer – contando, atualmente, com mais de 130 mil exemplares em seu acervo, desde livros, periódicos, jornais, revistas, gibis e mídias físicas.

 

Então, nesse diapasão, se Campo Formoso produziu ou produz Secretário de Educação e Cultura – agente público qualificado ou agente político - Paiaiá produz, a todo instante, políticas públicas para a Educação e Cultura com a sua Biblioteca, convenhamos!

 

No PIB de lá agente público – Secretário de Educação e Cultura, no PIB de cá política pública – Biblioteca do Paiaiá.

 

Tonho do Paiaiá

@tonhodopaiaia

 

Crédito das imagens

1.          Prefeitura – acervo de fotos do município

2.          Professor Rômulo Galvão – https://secbahia.blogspot.com/2009/04/romulo-galvao.html

3.          Biblioteca do Paiaiá – página da entidade

4.          Livros na Biblioteca - Revista Muito 08/11/2015

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